quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Filhos insistentes, pais obedientes.


 Educar um filho, invariavelmente, inclui erros e acertos. Talvez seja por isso que me lembrei da frase (não lembro a autoria): “Educar é uma obra-prima, uma obra realmente artesanal”. Eu costumo descrever a educação como uma tarefa não apenas emocional, assim como obrigatoriamente racional. Por acaso alguém conhece a poção mágica para que os pais possam transformar seus filhos em pessoas felizes?  É em nome dessa “busca pela fórmula perfeita” que a partir dos anos 60, passou-se a conviver com uma verdadeira reforma dos métodos educacionais, comportamentais e pedagógicos. A liberdade passou a imperar nas relações entre pais e filhos e contraditoriamente, a sensação que temos é a de que a incessante procura parece continuar distante do tão sonhado final feliz.
            As conseqüências da permissividade dos pais na educação são seriíssimas. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 20% das garotas entre 13 e 19 anos já enfrentaram uma gravidez precoce. Por outro lado, uma pesquisa recente revelou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. Em apenas uma década, a idade do primeiro contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos. Mesmo que não ocorram desastres, as conseqüências para o futuro podem ser sérias. Jovens educados de maneira negligente correm o risco de se tornar adultos infelizes e desajustados1.
            Antigamente, os filhos davam explicações aos pais. Hoje, são os pais que precisam justificar-se para conseguirem ensinar limites aos filhos. Cada medida precisa estar respaldada em sólidos argumentos que comprovem a veracidade da proposição, e convenhamos: haja perseverança e papo para dar “trocentas” explicações. É uma troca na ordem de papéis e valores altamente prejudicial. Por favor, não me entendam mal, pois não estou fazendo nenhuma apologia à educação de nossos avós e bisavós. Mas precisamos encontrar um ponto de equilíbrio que ficou perdido entre as gerações.
          Em plena época de laissez faire generalizada, os pais devem ultrapassar os limites da educação meramente intuitiva, é essencial ir além e procurar fonte de informações sobre drogas , alcoolismo, sexualidade etc. E que estas não fiquem somente na teoria ou no “eu ouvi dizer”, mas que se integrem naturalmente à rotina familiar. Afinal de contas, regras são indispensáveis para quem vive em sociedade. Mas é bom deixar claro que apenas definir limites não é o suficiente, pois é preciso também ensiná-los a administrarem a própria autonomia para que percebam que a vida não gira em função de seus desejos. Isso parece bem lógico, não é mesmo? Para alguns pais, sim; enquanto existem outros que ainda curvam-se ao desejo dos filhos por receio de frustrá-los, achando que dar tudo de mão beijada é uma maneira de comprar-lhes a felicidade, quando a realidade é justamente o contrário, ou seja, uma criança acostumada a ouvir somente o “sim”, não sabe conviver com a frustração. Pais que não sabem dizer “não” roubam dos filhos o direito de desenvolverem-se emocionalmente e contribuem para a formação de uma geração de crianças, adolescentes e futuros adultos despreparados para enfrentar as exigências do mundo que os cerca.  Aliás, dizer “não”, segundo os especialistas, é um dos exercícios mais importantes para uma educação saudável. O amor não precisa ser “cego” e tudo acatar, como dizem.
                “Mas onde será que nós erramos ? ele sempre teve de tudo”. Frases como essas não são tão difíceis de se ouvir. Está na hora de os pais recuperarem sua auto-estima e sua autoridade", diz a educadora Tânia Zagury, em seu livro, Os Direitos dos Pais. "Perdeu-se a noção de reciprocidade", diz ela. Os pais são obrigados a bancar a melhor educação escolar para os filhos? Então estes últimos também terão sua contrapartida: devem esforçar-se para passar de ano”. Nesse aspecto Içami Tiba também ressalta : “Nunca vi alguém ganhar um aumento ou conquistar um emprego fazendo birra. Entrou na faculdade e ganhou um carro, largou a faculdade e continuou com o carro. Não é assim que as coisas funcionam”. O filho que infringe as regras em casa e não sofre punição, tende a fazer o mesmo em qualquer lugar. E as sanções do mundo lá fora são bem mais rígidas. E sabem o pior disso tudo ? é que o jovem, mesmo com todos as suas vontades plenamente satisfeitas, continuará  infeliz, inseguro e sentindo-se vazio de amor e de objetivos, enclausurado em seu próprio narcisismo.Diante dessa constatação, existe uma verdade irrefutável: para não errar e evitar problemas futuros, a boa educação é aquela iniciada ainda na infância. Nesse sentido, esta deve ser encarada também como um processo sociológico, já que não se pode pensar exclusivamente no prazer imediatista dos filhos, mas levar em consideração o bem-estar de toda a sociedade.
            Nas palestras que faço e tenho oportunidade de conversar com alguns pais, observei um intrigante aspecto: a grande maioria tem consciência da importância de ensinar limites, mas ao que parece, isso ainda não tem sido o suficiente para tornar esta tarefa imprescindível. O resultado tem sido desastroso, pois os pais omissos começam a perder as rédeas da situação, e quando os problemas de comportamento dão sinais, alguns pagam para que seus filhos resolvam essas questões em consultórios, enquanto outros preferem delegar essa tarefa à escola. Outros optam pela “terceirização” dos filhos e os deixam total ou quase unicamente sob o cuidados de babás, creches etc. e o contra-senso fica por conta de que, se por um lado tomam essa decisão, por outro sentem-se culpados pela própria ausência e para supri-la começam a ceder a tudo indiscriminadamente, muitas das vezes mesmo indo contra seus valores e crenças.
             Bem, após tantas considerações, nos perguntamos: será que a tal poção mágica existe mesmo? Devemos levar em consideração que hoje vivemos um novo conceito de família mais interativa, dinâmica, participativa, embasada no diálogo entre pais e filhos. Entretanto não podemos ignorar conceitos consagrados, herdados de gerações mais antigas. Junte-se à essa interseção de valores, boas doses de bom senso, paciência e afeto, assim teremos algo bem próximo do que almejamos. Acho que cada pai/mãe deve montar sua própria poção, que de mágica não deve ter nada, e sim deve estar respaldada na realidade, na ética e na cidadania familiar.
                 "Um pai ou uma mãe que engole os próprios princípios e se cala a cada mal criação dá um atestado de que não se respeita, e os filhos entendem isso como um sinal para que não o respeitem também." (Içami Tiba, 2003).

domingo, 27 de outubro de 2013

O QUE É SER PROFESSOR?


Na realidade a profissão  é mágica, encantadora e desafiadora em todos os sentidos, mas o que impulsiona nosso caminho é a vontade de fazer e é claro que esta vontade de fazer está relacionada principalmente com impulsos que devem vir da sociedade como um todo e da gestão política da educação. Fazer educação com migalhas e com poucos recursos é romântico, no entanto , é incorreto, é desleal e é vergonhoso de todas as maneiras. Mas uma coisa arrepia a gente é que quando desenvolvemos uma atividade, uma novidade , uma aula que foge do trivial vemos o brilho nos olhos dos alunos e é mas gratificante aqueles alunos lhe puxando, gritando seu nome , pois sabem que terão guarida e um simples falar no olho pelo nome obra fantásticas obras. 
A profissão de educador é bela e gratificante quando vemos em vários locais jovens que já foram nossos alunos lembrar-se de nosso jeito e se alegrar com nossa presença. A marca do educador fica para sempre na memória dos alunos e temos que compreender que nossa palavra tem um poder simplesmente forte na vida dos alunos e tem um papel primordial na construção de seus sonhos, expectativas e esperanças. O professor vai além do conteúdo , não é formalidade, é , sobretudo, construção de vida , referencial de pensamento, condição de impulso ao pensar e ao agir. 
Tenho orgulho de ser professor, mas ao mesmo tempo fico triste por nossa sociedade não referendar grande parte do nosso trabalho e pelo fato dos governos procurarem de todas as formas atrapalhar nossa ação com burocracias desnecessárias e limitadoras. Ser professor é ser louco, palhaço, psicólogo, mediador de conflitos, amigo , companheiro, confidente e, marginal numa sociedade em que professores objetos de tortura a mando dos governantes em seu movimento reivindicatório. Mas é bom ser professor, se tivesse de escolher o seria novamente, mas não é romântico, é consciente e por isso nunca deve perder o referencial de luta por direitos coletivos para o bem do mundo.


SER PROFESSOR

domingo, 6 de outubro de 2013

A pedagogia libertadora de Paulo Freire

A pedagogia de Paulo freire faz parte do conjunto de propostas pedagógicas progressistas, que se opõe à pedagogia liberal  (o termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma ser usado. É uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada sociedade de classes), tendo como seu principal objetivo os interesses da maioria da população,partindo de uma análise crítica da sociedade capitalista.
Para a pedagogia progressista, a Educação não é neutra e os problemas educacionais são os reflexos do contexto social no qual o indivíduo está inserido. A Educação não está centrada no professor ou no aluno, mas sim na relação entre os indivíduos envolvidos nesse processo de formação do cidadão consciente. As práticas pedagógicas progressistas estão divididas em três grupos: o da pedagogia libertadora, o da pedagogia libertária e o da pedagogia crítico-social dos conteúdos.
O modelo educacional de Paulo Freire está relacionado com a pedagogia libertadora que questiona a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens com o objetivo de transformá-la. Essa Educação, chamada de crítica, está centrada na realidade social, não valorizando a transmissão dos conteúdos específicos, mas sim dando lugar ao diálogo entre educador e educando, tendo como princípios fundamentais a valorização do cotidiano do aluno e a construção de uma prática educativa que estimule a leitura crítica do mundo.
Na concepção de Freire, a sociedade é direito de todos e todos têm direito de exercer a plena cidadania, entendendo ainda que isso só se dará na medida em que todos os indivíduos sejam alfabetizados dentro do conceito de alfabetização cultural. Trabalhar a cultura do aluno significa valorizá-lo enquanto pessoa e cidadão, diminuindo a ocorrência da censura, da rotulação e da consequente exclusão escolar.
Paulo Freire deu armas ao cidadão excluído pela sociedade que eram o conhecimento e a palavra.
Sua perspectiva educacional baseou-se em três eixos de investigação sobre o universo dos alunos: investigação do universo vocabular, a investigação das temáticas geradoras e a investigação em torno da problematização dos temas propostos.
A investigação do universo vocabular dos alunos consiste na realização de um inventário de palavras representativas do conteúdo cultural no qual os alunos estão inseridos. São palavras geradoras, pois é a partir delas que os educadores iniciarão sua jornada em direção à alfabetização de seus alunos.
A investigação das temáticas geradoras, ou dos temas geradores, ocorre a partir da "eleição" pelo grupo de educandos dos temas que mais os afetam, buscando representar de diversas formas o modo de vida dos educandos. Desse modo, as temáticas geradoras são responsáveis pelo surgimento de um ambiente alfabetizador que se organiza em torno do diálogo, ou melhor, de uma proposta dialógica.
A investigação da problematização dos temas propostos é o ponto central do processo de alfabetização segundo o método Paulo Freire. A problematização traz consigo a ideia de que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e a escrever as palavras, mas sim um ato de construção de conhecimentos e entendimentos sobre o mundo que nos cerca.
O "método Paulo Freire" busca valorizar a cultura dos alunos ao inserir no interior do processo educativo as experiências e os conhecimentos que os alunos trazem para a sala de aula.
É com base nesses ensinamentos de Paulo Freire que devemos agir, de forma consciente, ativa, preocupada com a inclusão efetiva de todos no processo educacional. Devemos ainda ter o cuidado de não continuarmos reproduzindo práticas de exclusão que levam ao já conhecido fracasso escolar. Nesse sentido, nosso papel como educadores é o de sempre buscar melhorar nossa atuação na relação direta que estabelecemos com nossos alunos dentro do espaço escolar e fora dele.

Fonte: Wikipédia; Valéria da Hora Bessa 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

APATIA EDUCACIONAL: RECONSTRUIR A EDUCAÇÃO É UMA PRIORIDADE!!!

A sistemática educacional atual condiciona padrões e projetos pedagógicos. Concomitantemente, em todos os lugares do planeta, com graus variados e diferentes, a maioria vem sofrendo com os problemas decorrentes do sistema educacional. A apatia está generalizada e em processo de generalização. Faltam líderes, faltam sonhos, faltam ideologias, faltam perspectivas e sobretudo a busca pelos objetivos. Os professores deixaram de ser o foco das atenções à muito tempo, isto é, a busca pelo lucro fácil, a sobrevalorização da economia de mercado e o liberalismo acabaram impondo sua sistemática perversa e egoísta, relegando para segundo plano qualquer perspectiva humanista ou progressista. Aqueles que servem a rede pública ou privada, não importa, estão proibidos de pensar diferente ou propor algo muito inovador. A democracia é uma fachada projetada para justamente manter as coisas como estão, sem solavancos radicais ou realmente transformadores. Logo, nossa educação é afetada diretamente. Mas, os problemas estão somente começando. 
Quando um professor está apático, não pesquisa, não sente mais vontade de ministrar aulas, perdeu a alegria, mudou o foco e se sente infeliz, os problemas serão reais e de inevitável perda para toda comunidade. Esse problema com o professorado, seja no Brasil ou na Índia, decorre de uma apatia educacional que contamina qualquer ambiente educativo. Reconstruir a educação é uma prioridade para todo e qualquer governo decente. No entanto, nos falta governos decentes neste mundo. As reclamações continuarão. Não obstante, sabemos que educar envolve mais do que a figura do professor. Educação começa em casa. A escola é um momento peculiar na vida dos alunos (as), de alfabetização e formação, de educação e aprendizado, de socialização e diversão, de lazer e esporte, de cultura e alegrias, de tristezas e superações, enfim, um momento importante que pode definir profissões, sucessos ou fracassos. O aviso está dado, os problemas não são somente dos professores, diretores ou coordenadores, secretários de educação, pensadores, pedagogos ou filósofos. Todos matutam, pensam, escarafuncham, escrevem e propõe planos para a educação, e os resultados são cada vez mais decepcionantes. Vivemos uma crise de lideranças e essa falta de comando também contamina os ambientes escolares. Veja você leitor deste blog, não existem verdades prontas ou planos que resolvam tudo, mas tenham a certeza, de que a desvalorização dos professores é um processo que destrói e corrói a alma de uma nação.
Quando não estamos fazendo o básico, que é alfabetizar todos, fazer com que os alunos e alunas saibam resolver as quatro operações básicas da matemática ou interpretar um texto corretamente, escrever com clareza e capricho e internalizarem e refletirem sobre os problemas que atingem o mundo, então não estamos oferecendo um futuro digno para todos. Os cidadãos que pagam seus impostos tem esse direito, de uma educação de qualidade e moderna. Entretanto, não podemos nos esquecer, que esses mesmos cidadãos que pagam seus impostos em dia, com seus direitos e deveres, não podem fugir do debate sobre a educação brasileira ou mundial. Copiar planos prontos do exterior e implantá-los em nosso território, desde a LDB até hoje é o que mais fazemos. Desconsideramos a diversidade regional, estadual e municipal das escolas. De cima para baixo decretos e resoluções educacionais são impostas sem consultar os professores e alunos (as). Todos são tratados com desrespeito e sobretudo sem critérios transparentes e verdadeiramente democráticos. A opressão democrática do direito daquele que tem o poder, nos avassala e corrompe. Vereadores ganham salários que muitas vezes equivalem a 5 ou 6 vezes o salário de um professor que trabalha 40 horas por semana. Se fôssemos comparar com um deputado estadual ou federal, a humilhação é maior ainda. Os criadores de leis simplesmente desrespeitam a condição de vida das pessoas e se esquecem de seus eleitores e sobretudo de suas promessas mentirosas e malucas. Enquanto a educação depender desse processo político que temos, nada, simplesmente nada irá mudar. Estamos fadados ao fracasso nessas condições. 
Voltando ao tema da apatia, com base no que foi escrito anteriormente, teremos mais tristezas pela frente. Isto é, enquanto o professor, a base de sustentação de qualquer sistema de educação, não for valorizado realmente e com dignidade, não teremos mudanças realistas na educação brasileira ou mundial. Valorizar um professor hoje em dia virou utopia. Que seja assim então, pelo menos talvez, teríamos uma ideologia para se agarrar, frente a quebra de paradigmas e paradoxos atuais. As regras educacionais que temos hoje não são boas e sobretudo são ruins e de péssima qualidade. Ninguém acredita em mais nada, todos estão cansados e sobrecarregados, porque justamente essa apatia, que é decorrência dos mandos e desmandos na educação, condicionam todos a acreditarem que nada mais irá mudar. Não podemos deixar isso acontecer. Sem existe esperança, pelos menos acredito assim. Do contrário, estaremos fadados mais uma vez a não sermos nada além de mão-de-obra barata e de fácil exploração. Não importa de onde tenhamos que cortar gastos, mas a educação, deve ser tratada como prioridade nacional número um. Temos tempo para fazer isso e devemos começar agora. A globalização e o sistema capitalista exigem isso. Dentro dessa concorrência maldita e desonesta do capitalismo, não temos muito para onde correr. As resistências são desprezadas e não são levadas à sério. Devemos repensar nosso país, tendo a figura do professor como uma das mais importantes nesse processo de mudanças. Ou mudamos ou fracassaremos mais uma vez. Salvem a educação.

ATENCIOSAMENTE
PROFº JOSÉ EDUARDO BRONDI
WWW.PROFESSORBRONDI.BLOGSPOT.COM.BR

                                                                                                                   

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A escola é uma ideia

Wanda Camargo*

Uma escola não prescinde de professores, alunos, funcionários, dirigentes, instalações que incluam lazer, bibliotecas, laboratórios, currículos, planos pedagógicos, ideologias, filosofias de ensino, metodologias. Mas não é apenas isso: abrange tudo isso, e é muito mais. 
A escola é uma ideia. E dessa ideia nasce a instituição tão fundamental para a civilização que suas origens praticamente se fundem. Das primeiras relações sociais, primeiras letras, até a mais complexa pesquisa de ponta, tudo tem nela seu início, e nela se processa. A escola conserva, transmite, cria, renova, contesta e valida o conhecimento. Não há como fazê-la calar. O pensamento não deixa de existir apenas por deixar de ser expresso por algum tempo. É na escola que primeiro surgem os ideais de liberdade. 
As primeiras escolas estabelecidas no Brasil, ainda no início do período colonial, eram confessionais, com forte influencia jesuítica - ligadas aos conceitos pedagógicos centrados na pura transmissão do saber. Em meados do século XVIII, o Marquês de Pombal, então primeiro ministro de Portugal, iniciou uma série de reformas que incluíram a expulsão dos jesuítas da metrópole e das colônias - e a partir daí as vertentes laica e religiosa passaram a conviver.
Já nos anos 1930, passou a predominar a chamada pedagogia nova, com foco em aprender a aprender. Durante a Ditadura Militar, estabeleceu-se uma concepção pedagógica dita produtivista, voltada, quase que unicamente, a aprender a fazer. Atualmente, grande parte das escolas baseia-se no conceito construtivista, de Jean Piaget, que preconiza a construção do conhecimento pelo sujeito do aprendizado, obviamente não dispensando a orientação e participação docente em todos os níveis. 
Na educação superior, a escola brasileira está enfrentando uma questão vital: a universalização do acesso. A par de políticas publicas de concessão de bolsas, como FIES e PROUNI, estabelece-se regime diferenciado para ingresso na universidade, pública e privada, regimes de cotas para afrodescendentes, indígenas e outros grupos de excluídos. O suposto privilégio é parte do resgate de uma dívida que o Brasil tem com pessoas cujos ancestrais foram alijados dos direitos, após terem sido trazidos para cá (ou aprisionados aqui), absolutamente contra a vontade, e terem contruído grande parte da riqueza do país com trabalho não remunerado. 
O sistema é justo e, embora em alguns poucos casos beneficie pessoas que dele não precisariam, atende à necessidade de nivelamento de oportunidades para a maioria. E os resultados começam a surgir: estudantes que ingressaram por cotas têm tido, de forma geral, desempenhos equivalentes aos dos demais, numa evidência de que o principal problema sempre foi de acesso.
Os adversários deste sistema argumentam que se trata de descumprimento à Constituição Federal que, em seu Artigo 5º, o qual declara que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”. E teriam razão, se não se tratasse de mecanismo temporário e que visa precisamente garantir aquela igualdade, minorando as distinções advindas de condições específicas de pobreza e falta de oportunidade de estudo impostas secularmente aos agora contemplados. 
Esse regime é legitimado por sua transitoriedade. Não se justificará mantê-lo quando grande parte dos agora cotistas, ou seus filhos, mercê da melhora de condição material, que é uma das decorrências de mais e melhor estudo, não mais dele necessitarem. Uma exceção, ainda que justa, só pode existir enquanto prevalecerem causas e circunstâncias que lhe deram origem, e no momento atual, tem importância capital para a inclusão e a cidadania.
São muitas as carências, quando analisamos o sistema educacional brasileiro. Valorização do magistério, expansão da rede escolar, melhora da infraestrutura, ampliação do acervo das bibliotecas (construção de algumas, em escolas sem este importante quesito de aprendizagem) e outros requisitos demandam urgente atenção das autoridades municipais, estaduais e federais. Por outro lado, as realizações foram também significativas nas últimas décadas - entre elas, a melhor compreensão comunitária da necessidade de qualidade no processo educacional e evolução do país. Temos muito a comemorar em vários aspectos da escola brasileira, mas muito mais ainda a conquistar.

 Wanda Camargo – educadora e Assessora da Presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

BIOGRAFIA DE PAULO FREIRE



Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.
            A sua prática didática fundamenta-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso  de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecni-cista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.
O talento como escritor o ajudou a conquistar  um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes, políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.
Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias, em 1964, passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (ONU).

Em 1979, com a Anistia, Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo de 1989 a 1991. Criou o MOVA – Movimento de Alfabetização, um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que até hoje é adotado por  numerosas prefeituras.
baseado em: Wikipédia

Paulo Freire Contemporâneo - Documentário


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

História da Educação

            A política educacional brasileira na década de 20 ficou marcada pelo movimento do entusiasmo pela educação, que tinha por objetivo proliferar a escola pública no país. Em vez dos pobres frequentarem a escola pública, o rico é que teve acesso a mesma. A intenção dos políticos daquela época era alfabetizar o maior número de pessoas para que pudessem ingressar no mercado de trabalho. O regime da época era oligárquico, ou seja, a política era conduzida pelos grandes cafeicultores. Essa oligarquia freava o movimento do entusiasmo pela educação. A prática pedagógica que existia nessa época era a tradicional.
           A década de 30 ficou marcada pelo movimento do otimismo pedagógico que pregava a melhoria da qualidade do ensino. Nessa época aparece também o movimento
escolanovista. No lugar dos cafeicultores surge Getúlio Vargas que imprime a modernização do Estado brasileiro. No início da segunda república (1930-1937) foi assinada a constituição Federal de 1934 por Getúlio Vargas que tinha uma característica democrática, ou seja, assinada com o apoio do povo. Em 1937, ele aplica um golpe chamada Estado Novo que marca a política educacional na década de 40 (1937-1945).
           Na década de 40, o poder público se desresponsabiliza completamente da educação pública. A responsabilidade fica sobre as famílias. É criada a "caixa escolar", ou seja, as famílias ricas pagavam as escolas particulares e davam uma "esmola" pra garantir o ensino público. O dinheiro do governo foi para resolver outras questões sem ser a educação. De 1945 a 1947 conhecemos o período que se chama Quarta República (redemocratizador). A Nova Constituição de 1946 fica responsável por editar a LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional).
              A década de 50 foi marcada pelas grandes discussões em torno da LDB.
           A década de 60 foi marcada pelos movimentos de Paulo Freire e pelo retorno das discussões do movimento escolanovista. Todo movimento em torno de jovens e adultos se sobrepõe às escolanovistas. Paulo Freire é considerado uma grande ameaça para a educação brasileira. Os políticos criaram o movimento "Mobral' para abafar as idéias de Paulo Freire. Ele e outros foram exilados do país.
          Na década de 70, a ditadura militar que durou 21 anos fundou o movimento nacional conhecido como tecnicista. Surgem cursos profissionalizantes como CEFET , SENAI, SENAC e outros. Nesse período aparece a lei 5.692/71 (a nova LDB na década de 70). Em 1975 começa o movimento de redemocratização que dura 10 anos. A ditadura militar teve seu fim somente em 1985 com a posse de José Sarney.
baseado em Valéria da Hora Bessa 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O papel da avaliação no processo de ensino e aprendizagem escolar


Culturalmente damos às notas a importância de rotular os alunos em bons ou ruins. Neste sentido os bons continuarão e os ruins terão de refazer novamente toda uma trajetória cursada. Nós incorporamos de forma natural essa prática, sem nos preocuparmos o que essa nossa ação esta ocultando.
De acordo com a tradição escolar, as avaliações são tidas como classificatórias, separando os alunos que conseguiram aprender, dos que não conseguiram aprender determinados conteúdos tracejados, de acordo com a série que se localizam. Tal fato pode levar à exclusão. A avaliação deve ser balizada na inclusão e pautada na edificação da autonomia, levando em conta infinitas alternativas e estratégias de aprendizagem aos alunos. Nesse sentido, a avaliação nos dá a compreensão de que os alunos em geral possuem a capacidade de aprender e todo o processo (metodologias e conteúdos disciplinares) precisam ser planejadas levando-se em conta estas infinitas alternativas de aprendizagens do alunado.
Precisamos estar sempre antenados com nossa visão educativa para assim termos claro "para que" estamos avaliando. Se a intenção é que o aluno aprenda, a avaliação deverá ter essa finalidade.  Se a intenção for classificar a avaliação também terá essa mesma finalidade. Assim fica claro que o objetivo e o modo avaliativo sofrem as influências de um entendimento e/ou ponto de vista que se tenha da educação, orientando seu uso.

Nota

Socialmente é muito corriqueiro o entendimento de que para se avaliar o aluno precisa receber uma nota pelo que produziu. Nesse caso damos um valor e/ou conceito. Entretanto, nós educadores precisamos sair do senso comum, para não confundirmos avaliar como simplesmente um valor. Assim, seja qual for o instrumento que será usado (provas, trabalhos em grupo, registro de atividades), significa sempre um componente inseparável, não inicia e nem termina ao se atribuir uma nota ao aprendido. O ensino é repleto de propósitos visando abranger objetivos educativos, podendo ser referentes a normas e/ou condutas ou conteúdos propriamente ditos.
As práticas de avaliação devem estar acompanhadas de vários aspectos, como autonomia (do professor e também da escola), uma matéria escolar dinâmica, flexível, atualizada (contemporânea) e também contextualizada.  

Transformação
Para uma transformação da avaliação é preciso modificar também a relação entre a comunidade (família) e a escola, e as necessidades individuais de cada aluno. Perpassa ainda por modificações no relacionamento educador e educando, na didática e nos procedimentos estratégicos de lecionar, e também nos projetos curriculares e/ou políticas públicas governamentais.
Uma avaliação que classifica faz parte de uma escola do passado, que não existia para todos, assim como o acesso ao ensino (educação) não era um direito. Deste modo, tudo mudou e as práticas pedagógicas também precisam mudar. Porém, essa mudança é lenta. Uma vez que, se encontra associada com nossos tão enraizados valores e crenças que desenvolvemos em nossas experiências de vida.

Avaliação formativa
A avaliação formativa é aquela que aponta o caminho do aluno no sentido de realizar seus estudos e aprendizagens, auxiliando a encontrar suas dificuldades e também seu potencial, para redirecionar novamente seu caminho. Outro fator da avaliação formativa é a edificação da autonomia do aluno e nesse sentido se torna importante que se possível o aluno tenha ciência de qual conteúdo vai estudar, quais as finalidades ou objetivos que deverá atingir e como será a verificação e analise de seu progresso e desenvolvimento.
A avaliação formativa deve ser compreendida como componente do procedimento do ensino e também da aprendizagem. Ou seja, a avaliação faz parte de todo o processo envolvido na ação ensino/aprendizagem (inseparavelmente). Podendo ser usada com a intenção de acompanhar o desenvolvimento (progresso) do aluno, ou com a intenção de verificar o desfecho que o aluno foi capaz de alcançar em certo tempo. Porém, deve sempre ter a intenção de delinear ações educacionais posteriores. Ocorrendo no próprio andamento de toda a ação, objetivando uma reorientação dessa mesma ação. Assim o procedimento de avaliar está compartilhado entre professor e aluno, ambos se responsabilizando pela ação.

Uma prática de aprendizagem
Torna-se importantíssimo fazer da avaliação uma prática de aprendizagem, entendendo que a avaliação faz parte de todo o processo de ação de ensinar do professor e também do aprender do aluno, são indissociáveis, não é possível ensinar e/ou aprender sem avaliar.

Conclusões
Concluímos nesse trabalho que a avaliação precisa ser a formativa. O professor deve permanecer vigilante nas ações e aprendizagens dos alunos. Não vai avaliar no sentido de apresentar uma nota, pois será conseqüência e não o término de todo um processo. Tem a função fundamental de dar continuidade aos caminhos da prática de aprendizagem, de forma contínua e ininterrupta, é um componente do dia-a-dia habitual dos afazeres propostos de cada ação de sala de aula. Ou seja, a avaliação deve ser inseparável de todas as ações envolvidas no processo e não isolada.

 Referencias bibliográficas
 FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo Scipione, 1992.
 FREIRE, J. B. De corpo e alma. São Paulo: Summus, 1989.
 FREIRE, J.B., SCAGLIA, A.J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.
 NEIRA, M.G. Educação física infantil. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2002.
 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Educação física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
 Autor: Dailton Sidnei Pichinin
Professor escritor
São José do Rio Preto SPdidaticacopep@gmail.com
Autor de vários livros na área de Educação e Educação Física Escolar, vários cursos presenciais e na modalidade de Ensino à Distância, e diversos artigos locais, regionais e nacionais. Site e contato em: http://didaticacopep.webnode.com.br/    
ALGUNS CURSO PUBLICADOS NA MODALIDADE À DISTÂNCIA:
Educação Física Escolar nas Séries Iniciais:
Educação Física Escolar nas Séries Intermediárias e Finais:
Estratégias Para Um Trabalho Coletivo:
A Arte de Liderar:
Avaliação e ensino-aprendizagem

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Enxerto Revelador

Wanda Camargo
Embora no ensino superior a situação se mostre um pouco menos dramática, no ensino fundamental e médio temos encontrado significativa parcela de docentes desmotivados, descrentes do próprio processo educativo e sem ânimo para procurar qualificação em outras áreas. 
Parte do desinteresse provavelmente se deve à má remuneração, acrescida da constatação do pouco respeito pela função. Quase todos os professores neste país já tiveram que responder à inquietante pergunta “mas você não trabalha, só dá aulas?”. Assim, não é de estranhar os maus resultados do sistema educacional brasileiro frente às grandes avaliações internacionais, em qualquer nível de ensino.
A falta de estrutura física adequada (pois inacreditavelmente nem todas as escolas têm biblioteca ou laboratórios didáticos, quase nenhuma quadra esportiva, além de outras instalações indispensáveis aos professores, coordenadores e alunos) são fatores impeditivos ao bom exercício profissional. Isto acarreta negligência, desestímulo à adoção de novas metodologias de ensino e termina levando a um ciclo perigoso de indulgências - em que o professor releva o mau desempenho do aluno e este não espera dedicação do professor.
As provas de redação do último ENEM parecem ter levado esta calamidade ao paroxismo, pois além dos habituais erros gramaticais e de ortografia, aparentemente por pura
brincadeira, alguns candidatos nela fizeram enxertos - em uma das redações, receita de macarrão instantâneo, em outra, o hino de um time de futebol. Não haveria nada de errado nisso, fossem citações devidamente destacadas e em absoluta relação contextual com o desenvolvimento do tema proposto. Mas, aparentemente, eram apenas recursos de preenchimento de espaço.
Isso revela mais do que uma suposta malandragem: é uma declaração de que os autores não acreditavam que as redações seriam corrigidas e, o mais desastroso, talvez tal descrença tenha sua gênese em trabalhos escolares não ponderados - ou sequer lidos - por professores que já não acreditam mais em sua profissão.
Lamentável que isso ocorra em nosso país, justamente quando poderíamos dar, finalmente, o salto de desenvolvimento prometido e aguardado por séculos. Não podemos seguir em frente de modo sustentável sem que a maior parte da população tenha educação de boa qualidade em todos os níveis – e, para isso, o professor é essencial, é vital, é indispensável. E que justamente este profissional não se sinta valorizado e até orgulhoso da sua profissão, denota algo profundamente errado. 
Não se trata apenas de investimentos em educação. Talvez a questão sequer seja esta. O Brasil é um dos países que mais investem proporcionalmente nesta área. Mas investe mal, ataca os problemas visíveis, ou seja, aqueles que dão visibilidade política - e ignora aqueles profundos, de base.
A quebra de hierarquias baseadas no conhecimento, a desvalorização do empenho, da competência, em detrimento da esperteza e da mera aparência, constituem problemas de toda a sociedade. Na escola, isto é muito mais doloroso, por ser de onde deveriam partir os bons exemplos. 


* Wanda Camargo - educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.



Educação e Solidariedade


Wanda Camargo *

A história brasileira parece sempre ter sido contada para consumo público, como se tivesse ocorrido apenas por protagonismo de alguns personagens, restando a nós outros a figuração e o pagamento de impostos. Nossa independência de Portugal teria sido mera consequência do capricho de um príncipe - e a libertação dos escravos, ato benigno de sua neta. Como se as ações, a coragem, a pressão, o sacrifício, os ideais de muitos não tivessem tido maior importância.
Essa simplificação maliciosa e infantilizante vem até os nossos dias. Os calendários oficiais contemplam os “autores” dos acontecimentos importantes, citando-os como exemplos a serem seguidos, esquecendo a participação e os sofrimentos reais dos que os seguiram e viabilizaram seus atos.
O sentimento de não influir nos destinos do país leva ao sentimento de não pertencer a ele, de não ser cidadão pleno - e isso é extremamente pernicioso para as relações pessoais e sociais. O senso de comunidade perde importância - e termina-se indiferente aos demais, à sociedade, a tudo que não seja muito próximo.
Sendo mais competitivos que participativos, temos dificuldade para formar equipes, distribuir tarefas equitativamente, comemorar vitórias ou lamentar derrotas pacificamente. Mesmo nos bancos escolares, é fácil perceber obstáculos à participação na realização de tarefas em grupo: alguns preferem assumir toda a incumbência, para alegria daqueles que não desejam mesmo colaborar, e todos perdem: centralizadores e ausentes, uns pela perda da oportunidade de compartilhamento, outros pelo gasto de tempo, assinando trabalhos que meramente incrementam o egoísmo.
Assim é também que, enquanto em muitos países as empresas mantêm parcerias profícuas com instituições universitárias, fazendo a estas grandes doações e tendo como retorno pesquisas e formação de massa crítica essenciais para suas atividades, aqui, indústrias, comércio e setor de serviços estão, com poucas exceções, distantes das escolas - para prejuízo de todos.
No entanto, há uma esperança: os jovens, que pareciam não ter valores, não se interessar pelas grandes questões sociais, dedicar-se apenas ao consumo e às redes sociais, nos surpreendem com suas manifestações de indignação, inconformismo e generosidade, trazendo um vento de renovação, em que muito pesem alguns exageros e vandalismo. Uma centelha produz incêndio onde existe combustível - neste caso, a insatisfação difusa e generalizada com a violência, a corrupção, a impunidade e o descaso, além da descrença nos sistemas político e judicial, que deveriam ser os fiadores da democracia, os interlocutores legítimos dos anseios da sociedade.
Os jovens manifestantes parecem saber que o Brasil que está sendo construído hoje é o seu país - e o querem muito melhor. Percebem que muitos de nossos políticos padecem do excesso de visão de futuro (o seu próprio) e que deveriam mirar mais o passado (lembrando as propostas e promessas pelas quais foram eleitos) e menos a próxima eleição. Se continuarmos valorizando apenas o pessoal, em detrimento do coletivo, mais a esperteza que a inteligência, mais a sorte que a dedicação, será difícil realizar o sonho que nos é manifestado pelas ruas.

* Wanda Camargo é educadora e assessora da Presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.


terça-feira, 30 de julho de 2013

INFORMAÇÕES

Sem melhoria na administração, só royalties do petróleo para educação não resolvem problema, defende especialista

Diretora do movimento Todos pela Educação quer que dinheiro seja “bem administrado”

Após meses de tramitação no Congresso, o Projeto de Lei que trata da destinação dos royalties da exploração do pré-sal está na reta final de votação na casa. Depois do recesso, os deputados haviam marcado a votação para a última terça-feira (6), mas com a falta de acordo entre as lideranças durante reunião na noite da segunda-feira (5), a votação deve acontecer nesta semana.
Segundo Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos pela Educação, é importante não separar gestão e financiamento. Os royalties irão aumentar as verbas para a educação, mas é importante que este dinheiro seja bem administrado.— Por um lado, o Brasil ainda não acertou essa questão da gestão, e a gente viu isso com o relatório da CGU [Controladoria Geral da União, que provou a má utilização de verbas públicas na educação]. Tem desvios até do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]. De fato, a gente tem o problema de gestão.Mas Priscila não descarta a importância de um investimento robusto, rumo aos 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Priscila ainda lembra que o investimento proporcional do País é similar ao dos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), composta por 34 países, entre eles, Alemanha, Canadá, Chile e Espanha.— O Brasil, em porcentagem do PIB, investe parecido com o que os países da OCDE investem. Mas, no per capita, e nós somos um país grande no número de alunos — temos 50 milhões de alunos nas escolas públicas — para você garantir um nível de qualidade para eles, é preciso um nível maior de recursos por aluno, não só o montante total.A diretora lembra que é dividindo o valor total do investimento pelo número de alunos que obtemos o investimento per capita e, com isso, o nível do investimento.A vinda dos recursos do petróleo também alimenta o debate de onde este dinheiro deverá ser investido. Priscila defende que estes gastos sejam concentrados no professor.— Temos de encarar o desafio que a gente fala há décadas, e valorizar a carreira. E isso passa também por salário, passa também por carreira, por condições de trabalho. Para a gente não desperdiçar este dinheiro e simplesmente distribuir ele sem critério, é importante que a gente tenha foco. E hoje, o principal foco que a gente precisa avançar é o do professor.Priscila aborda também que o professor não deve ser o único investimento em educação. Porém, ela lembra que este deve ser o alvo do gasto dos royalties do petróleo. Junto a isso, ela destaca que o investimento é um processo que obterá resultados a longo prazo.— Se a gente não conseguir avançar, dificilmente vamos melhorar a qualidade do ensino. [...] [Hipoteticamente,] o aumento que se der hoje ao professor vai resultar imediatamente em melhoria na qualidade do ensino, em aprendizado do aluno? Muito pouco. Então, é uma aposta no futuro, não é uma para agora, mas é uma aposta que precisa ser feita. Em algum momento da nossa trajetória rumo a uma educação de melhor qualidade, a gente tem de fazer esse investimento no professor.

Todos pela Educação
O Todos pela Educação é um movimento da sociedade civil que busca contribuir para que, até 2022, todos os jovens brasileiros tenham acesso à educação básica de qualidade.
Formado em 2006, atua no fomento, mobilização e produção do conhecimento em torno deste objetivo. Um dos seus focos é a ampliação dos recursos investidos na educação básica.

Enviado por Míriam Leitão 
O Brasil, nos últimos 20 anos, saiu de baixo para alto desenvolvimento humano, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Isso é para ser louvado. Foram muitas as conquistas.
A expectativa de vida do brasileiro, por exemplo, aumentou nove anos nesse período.
Esse é o resultado de um trabalho coletivo, de dois governos que são adversários no campo político - Fernando Henrique e Lula, e das famílias, das ONGs, da democracia.
A Constituição de 1988 estabeleceu a preocupação com a redução da desigualdade, da pobreza, o que levou à criação do SUS, por exemplo, que apesar de todos os defeitos, aumentou o atendimento à mulher gestante, à criança.
Há muitos datos para comemorar, mas também muitos pontos de preocupação.
Quando o Brasil olha para trás, vê o quanto melhorou em relação a ele mesmo. Quando olha para o lado, nota que há países que avançaram mais.
Ainda temos muito a fazer e temos que concentrar os esforços na educação. O Brasil colocou toda criança na escola, melhorou o acesso ao ensino fundamental, mas o médio está no gargalo. O Brasil tem que avançar ainda mais.
É preciso melhorar a educação, porque estamos na era da economia do conhecimento e se perdermos essa batalha teremos perdido a guerra.

José Dirceu: Negar os avanços na educação é puro populismo e demagogia barata
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, divulgado nesta semana pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) mostrou avanço muito significativo em todas as áreas pesquisadas. Apesar disso, analistas preferiram reforçar o discurso negativo, dizendo que o governo nada faz pela educação.
Se é verdade que a educação ainda é o critério com desempenho mais fraco na composição do IDHM, também é verdade o inegável avanço que houve nessa área na última década. Basta ver os números. O IDMM de Educação passou de 0,456 em 2000 para 0,637 em 2010.
Portanto, não é verdade que o governo federal não está  fazendo nada para resolver problemas como a evasão do ensino médio e a qualidade do ensino fundamental. Há o piso nacional dos professores, os programas de formação de professores, as avaliações permanentes e universais, o Pronatec, as escolas técnicas federais e o sistema S agora articulado com programas como o próprio Pronatec.
Há também programas de alfabetização como o da Idade Certa, há mais recursos com os royalties do petróleo a partir do próximo ano. Há, sim, um esforço nacional para formar mais médicos – o governo acabou de lançar um programa –, mais engenheiros e mais técnicos em todos os setores.
Afirmar o contrário é banalizar o espírito de vira-latas e o pessimismo que virou moda a partir das manifestações de junho. Há muito a fazer, melhorar ainda mais os salários e a formação dos professores, informatizar as escolas, atualizar os currículos e a pedagogia para o século XXI, diminuir as distâncias entres Sul-Sudeste e Norte-Nordeste, revisar o ensino urbano – dentro das cidades há diferenças brutais – e rural, que exige um currículo e uma pedagogia específica.
Esse mesmo discurso pessimista se desmonta com detalhes do próprio relatório do PNUD. A população com 18 anos ou mais que concluiu o ensino fundamental passou de 39,8% para 54,9% entre 2000 e 2010.
As crianças de 5 a 6 anos na escola aumentaram de 71,5% para 91,1%. Entre 11 e 13 anos nos anos finais do ensino fundamental, o índice subiu de 59,1 para 84,9%. A população de 15 a 17 anos com o ensino fundamental completo avançou de 39,7% para 57,2%.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O ensino tradicional
Heloísa Oliveira
O ensino tradicional teve sua origem no século XVIII , a partir  do Iluminismo. A educação tradicional  teve a sua raiz na sociedade de classe escravista da Idade Antiga destinada a uma pequena minoria (baseado em Moacir Gadotti).
            No Brasil, na época de “ D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo” (José Luiz de P. Bello). 
            A pedagogia tradicional tem como base a rigidez e a centralização  do processo de ensino-aprendizagem no professor. Sua metodologia era baseada na maneira de ensinar dos Jesuítas e enciclopédico. As escolas eram destinadas às classes economicamente favorecidas.
            José Carlos Libâneo divide a Pedagogia em dois grupos: A Pedagogia Liberal e Pedagogia Progressista. “ Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional...” (Luckesi). Na tendência tradicional o que predomina é a palavra do professor, suas regras impostas e a preparação do aluno somente na área intelectual. Seu conteúdo é alienado da experiência do aluno e das realidades sociais. Ele deve ser transmitido como verdade  sem ser questionado.

            A educação deve ser baseada no diálogo. Pois só através dele o aluno poderá interagir e assim aprender participando do processo ensino-aprendizagem.

Veja esse vídeo que mostra sobre a relação professor-aluno na sala de aula:


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Uma incoerência: Democracia e Ensino Tradicional
            Vamos primeiramente saber o conceito de democracia: “é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos.” (Wikipédia)
            A democracia tem por base a liberdade de expressão e a dignidade humana. Para Rousseau, a instituição pública, criada com o pacto social é a única garantia de liberdade humana. “A efetiva participação de um povo garante o bem comum e a garantia dos direitos de cada cidadão.” (A.I Andrioli). Para que haja democracia é necessário que todos estejam na mesma condição de igualdade.
A desigualdade social ocorre ”principalmente pela distribuição desigual de renda de um país, mas também existem outros fatores, como a má formação educacional e o investimento ineficiente de um país em áreas sociais.” (Wikipédia). Ela é proveniente de uma educação de má qualidade, poucas oportunidades no mercado de trabalho e de uma vida indigna.
O ensino tradicional é caracterizado como muito rígido e centrado no professor, onde o aluno é passivo no processo de ensino-aprendizagem. Ele escuta as infomações que lhe são fornecidas, não tendo o direito de se expressar. Neste tipo de ensino o aluno acumula conhecimentos, informações, dados, fatos, etc. O passado é valorizado e serve como modelo para as gerações futuras. O professor transmite certos conteúdos sem valorizar a história de vida do aluno.

A contradição que existe entre democracia e ensino tradicional é notória. A democracia tem por base a liberdade do indivíduo, enquanto o sistema do ensino tradicional não dá abertura para que o mesmo exponha suas ideias e valores.

Relação professor e aluno (Paulo Freire)





sábado, 6 de julho de 2013

A importância da Educação nos dias atuais

                    O mundo vem se desenvolvendo rapidamente com novas tecnologias, novas idéias, novas maneiras de se viver, ou seja, vive em constante transformação. A educação por sua vez caminha a passos lentos, ou até mesmo estagnada no tempo.
                     Na teoria ela é dinâmica e inspiradora, mas na prática muitas vezes se transforma num fardo pesado. Lecionar deveria ser uma prática prazerosa e vivaz.
                     O ensino na maioria das vezes está voltado para o conteúdo e alienado das realidades sociais.
Preocupado exclusivamente em transmitir e assimilar conhecimentos.
                     Quando estamos diante de situações problemáticas e tomamos uma atitude para resolvê-las, passamos a refletir e mudamos a realidade em que vivemos.
                     O sistema educacional reflete e reproduz uma ideologia política e social de um povo.
                     A educação é uma ferramenta capaz de mudar a realidade social de um povo. O papel do professor nesse processo é fundamental.
                                                                                                           Heloísa Oliveira

Veja esse vídeo que fala sobre a importância do papel do professor na sociedade: