quarta-feira, 31 de julho de 2013

Enxerto Revelador

Wanda Camargo
Embora no ensino superior a situação se mostre um pouco menos dramática, no ensino fundamental e médio temos encontrado significativa parcela de docentes desmotivados, descrentes do próprio processo educativo e sem ânimo para procurar qualificação em outras áreas. 
Parte do desinteresse provavelmente se deve à má remuneração, acrescida da constatação do pouco respeito pela função. Quase todos os professores neste país já tiveram que responder à inquietante pergunta “mas você não trabalha, só dá aulas?”. Assim, não é de estranhar os maus resultados do sistema educacional brasileiro frente às grandes avaliações internacionais, em qualquer nível de ensino.
A falta de estrutura física adequada (pois inacreditavelmente nem todas as escolas têm biblioteca ou laboratórios didáticos, quase nenhuma quadra esportiva, além de outras instalações indispensáveis aos professores, coordenadores e alunos) são fatores impeditivos ao bom exercício profissional. Isto acarreta negligência, desestímulo à adoção de novas metodologias de ensino e termina levando a um ciclo perigoso de indulgências - em que o professor releva o mau desempenho do aluno e este não espera dedicação do professor.
As provas de redação do último ENEM parecem ter levado esta calamidade ao paroxismo, pois além dos habituais erros gramaticais e de ortografia, aparentemente por pura
brincadeira, alguns candidatos nela fizeram enxertos - em uma das redações, receita de macarrão instantâneo, em outra, o hino de um time de futebol. Não haveria nada de errado nisso, fossem citações devidamente destacadas e em absoluta relação contextual com o desenvolvimento do tema proposto. Mas, aparentemente, eram apenas recursos de preenchimento de espaço.
Isso revela mais do que uma suposta malandragem: é uma declaração de que os autores não acreditavam que as redações seriam corrigidas e, o mais desastroso, talvez tal descrença tenha sua gênese em trabalhos escolares não ponderados - ou sequer lidos - por professores que já não acreditam mais em sua profissão.
Lamentável que isso ocorra em nosso país, justamente quando poderíamos dar, finalmente, o salto de desenvolvimento prometido e aguardado por séculos. Não podemos seguir em frente de modo sustentável sem que a maior parte da população tenha educação de boa qualidade em todos os níveis – e, para isso, o professor é essencial, é vital, é indispensável. E que justamente este profissional não se sinta valorizado e até orgulhoso da sua profissão, denota algo profundamente errado. 
Não se trata apenas de investimentos em educação. Talvez a questão sequer seja esta. O Brasil é um dos países que mais investem proporcionalmente nesta área. Mas investe mal, ataca os problemas visíveis, ou seja, aqueles que dão visibilidade política - e ignora aqueles profundos, de base.
A quebra de hierarquias baseadas no conhecimento, a desvalorização do empenho, da competência, em detrimento da esperteza e da mera aparência, constituem problemas de toda a sociedade. Na escola, isto é muito mais doloroso, por ser de onde deveriam partir os bons exemplos. 


* Wanda Camargo - educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.



Educação e Solidariedade


Wanda Camargo *

A história brasileira parece sempre ter sido contada para consumo público, como se tivesse ocorrido apenas por protagonismo de alguns personagens, restando a nós outros a figuração e o pagamento de impostos. Nossa independência de Portugal teria sido mera consequência do capricho de um príncipe - e a libertação dos escravos, ato benigno de sua neta. Como se as ações, a coragem, a pressão, o sacrifício, os ideais de muitos não tivessem tido maior importância.
Essa simplificação maliciosa e infantilizante vem até os nossos dias. Os calendários oficiais contemplam os “autores” dos acontecimentos importantes, citando-os como exemplos a serem seguidos, esquecendo a participação e os sofrimentos reais dos que os seguiram e viabilizaram seus atos.
O sentimento de não influir nos destinos do país leva ao sentimento de não pertencer a ele, de não ser cidadão pleno - e isso é extremamente pernicioso para as relações pessoais e sociais. O senso de comunidade perde importância - e termina-se indiferente aos demais, à sociedade, a tudo que não seja muito próximo.
Sendo mais competitivos que participativos, temos dificuldade para formar equipes, distribuir tarefas equitativamente, comemorar vitórias ou lamentar derrotas pacificamente. Mesmo nos bancos escolares, é fácil perceber obstáculos à participação na realização de tarefas em grupo: alguns preferem assumir toda a incumbência, para alegria daqueles que não desejam mesmo colaborar, e todos perdem: centralizadores e ausentes, uns pela perda da oportunidade de compartilhamento, outros pelo gasto de tempo, assinando trabalhos que meramente incrementam o egoísmo.
Assim é também que, enquanto em muitos países as empresas mantêm parcerias profícuas com instituições universitárias, fazendo a estas grandes doações e tendo como retorno pesquisas e formação de massa crítica essenciais para suas atividades, aqui, indústrias, comércio e setor de serviços estão, com poucas exceções, distantes das escolas - para prejuízo de todos.
No entanto, há uma esperança: os jovens, que pareciam não ter valores, não se interessar pelas grandes questões sociais, dedicar-se apenas ao consumo e às redes sociais, nos surpreendem com suas manifestações de indignação, inconformismo e generosidade, trazendo um vento de renovação, em que muito pesem alguns exageros e vandalismo. Uma centelha produz incêndio onde existe combustível - neste caso, a insatisfação difusa e generalizada com a violência, a corrupção, a impunidade e o descaso, além da descrença nos sistemas político e judicial, que deveriam ser os fiadores da democracia, os interlocutores legítimos dos anseios da sociedade.
Os jovens manifestantes parecem saber que o Brasil que está sendo construído hoje é o seu país - e o querem muito melhor. Percebem que muitos de nossos políticos padecem do excesso de visão de futuro (o seu próprio) e que deveriam mirar mais o passado (lembrando as propostas e promessas pelas quais foram eleitos) e menos a próxima eleição. Se continuarmos valorizando apenas o pessoal, em detrimento do coletivo, mais a esperteza que a inteligência, mais a sorte que a dedicação, será difícil realizar o sonho que nos é manifestado pelas ruas.

* Wanda Camargo é educadora e assessora da Presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.


terça-feira, 30 de julho de 2013

INFORMAÇÕES

Sem melhoria na administração, só royalties do petróleo para educação não resolvem problema, defende especialista

Diretora do movimento Todos pela Educação quer que dinheiro seja “bem administrado”

Após meses de tramitação no Congresso, o Projeto de Lei que trata da destinação dos royalties da exploração do pré-sal está na reta final de votação na casa. Depois do recesso, os deputados haviam marcado a votação para a última terça-feira (6), mas com a falta de acordo entre as lideranças durante reunião na noite da segunda-feira (5), a votação deve acontecer nesta semana.
Segundo Priscila Cruz, diretora executiva do movimento Todos pela Educação, é importante não separar gestão e financiamento. Os royalties irão aumentar as verbas para a educação, mas é importante que este dinheiro seja bem administrado.— Por um lado, o Brasil ainda não acertou essa questão da gestão, e a gente viu isso com o relatório da CGU [Controladoria Geral da União, que provou a má utilização de verbas públicas na educação]. Tem desvios até do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação]. De fato, a gente tem o problema de gestão.Mas Priscila não descarta a importância de um investimento robusto, rumo aos 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Priscila ainda lembra que o investimento proporcional do País é similar ao dos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), composta por 34 países, entre eles, Alemanha, Canadá, Chile e Espanha.— O Brasil, em porcentagem do PIB, investe parecido com o que os países da OCDE investem. Mas, no per capita, e nós somos um país grande no número de alunos — temos 50 milhões de alunos nas escolas públicas — para você garantir um nível de qualidade para eles, é preciso um nível maior de recursos por aluno, não só o montante total.A diretora lembra que é dividindo o valor total do investimento pelo número de alunos que obtemos o investimento per capita e, com isso, o nível do investimento.A vinda dos recursos do petróleo também alimenta o debate de onde este dinheiro deverá ser investido. Priscila defende que estes gastos sejam concentrados no professor.— Temos de encarar o desafio que a gente fala há décadas, e valorizar a carreira. E isso passa também por salário, passa também por carreira, por condições de trabalho. Para a gente não desperdiçar este dinheiro e simplesmente distribuir ele sem critério, é importante que a gente tenha foco. E hoje, o principal foco que a gente precisa avançar é o do professor.Priscila aborda também que o professor não deve ser o único investimento em educação. Porém, ela lembra que este deve ser o alvo do gasto dos royalties do petróleo. Junto a isso, ela destaca que o investimento é um processo que obterá resultados a longo prazo.— Se a gente não conseguir avançar, dificilmente vamos melhorar a qualidade do ensino. [...] [Hipoteticamente,] o aumento que se der hoje ao professor vai resultar imediatamente em melhoria na qualidade do ensino, em aprendizado do aluno? Muito pouco. Então, é uma aposta no futuro, não é uma para agora, mas é uma aposta que precisa ser feita. Em algum momento da nossa trajetória rumo a uma educação de melhor qualidade, a gente tem de fazer esse investimento no professor.

Todos pela Educação
O Todos pela Educação é um movimento da sociedade civil que busca contribuir para que, até 2022, todos os jovens brasileiros tenham acesso à educação básica de qualidade.
Formado em 2006, atua no fomento, mobilização e produção do conhecimento em torno deste objetivo. Um dos seus focos é a ampliação dos recursos investidos na educação básica.

Enviado por Míriam Leitão 
O Brasil, nos últimos 20 anos, saiu de baixo para alto desenvolvimento humano, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Isso é para ser louvado. Foram muitas as conquistas.
A expectativa de vida do brasileiro, por exemplo, aumentou nove anos nesse período.
Esse é o resultado de um trabalho coletivo, de dois governos que são adversários no campo político - Fernando Henrique e Lula, e das famílias, das ONGs, da democracia.
A Constituição de 1988 estabeleceu a preocupação com a redução da desigualdade, da pobreza, o que levou à criação do SUS, por exemplo, que apesar de todos os defeitos, aumentou o atendimento à mulher gestante, à criança.
Há muitos datos para comemorar, mas também muitos pontos de preocupação.
Quando o Brasil olha para trás, vê o quanto melhorou em relação a ele mesmo. Quando olha para o lado, nota que há países que avançaram mais.
Ainda temos muito a fazer e temos que concentrar os esforços na educação. O Brasil colocou toda criança na escola, melhorou o acesso ao ensino fundamental, mas o médio está no gargalo. O Brasil tem que avançar ainda mais.
É preciso melhorar a educação, porque estamos na era da economia do conhecimento e se perdermos essa batalha teremos perdido a guerra.

José Dirceu: Negar os avanços na educação é puro populismo e demagogia barata
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, divulgado nesta semana pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) mostrou avanço muito significativo em todas as áreas pesquisadas. Apesar disso, analistas preferiram reforçar o discurso negativo, dizendo que o governo nada faz pela educação.
Se é verdade que a educação ainda é o critério com desempenho mais fraco na composição do IDHM, também é verdade o inegável avanço que houve nessa área na última década. Basta ver os números. O IDMM de Educação passou de 0,456 em 2000 para 0,637 em 2010.
Portanto, não é verdade que o governo federal não está  fazendo nada para resolver problemas como a evasão do ensino médio e a qualidade do ensino fundamental. Há o piso nacional dos professores, os programas de formação de professores, as avaliações permanentes e universais, o Pronatec, as escolas técnicas federais e o sistema S agora articulado com programas como o próprio Pronatec.
Há também programas de alfabetização como o da Idade Certa, há mais recursos com os royalties do petróleo a partir do próximo ano. Há, sim, um esforço nacional para formar mais médicos – o governo acabou de lançar um programa –, mais engenheiros e mais técnicos em todos os setores.
Afirmar o contrário é banalizar o espírito de vira-latas e o pessimismo que virou moda a partir das manifestações de junho. Há muito a fazer, melhorar ainda mais os salários e a formação dos professores, informatizar as escolas, atualizar os currículos e a pedagogia para o século XXI, diminuir as distâncias entres Sul-Sudeste e Norte-Nordeste, revisar o ensino urbano – dentro das cidades há diferenças brutais – e rural, que exige um currículo e uma pedagogia específica.
Esse mesmo discurso pessimista se desmonta com detalhes do próprio relatório do PNUD. A população com 18 anos ou mais que concluiu o ensino fundamental passou de 39,8% para 54,9% entre 2000 e 2010.
As crianças de 5 a 6 anos na escola aumentaram de 71,5% para 91,1%. Entre 11 e 13 anos nos anos finais do ensino fundamental, o índice subiu de 59,1 para 84,9%. A população de 15 a 17 anos com o ensino fundamental completo avançou de 39,7% para 57,2%.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O ensino tradicional
Heloísa Oliveira
O ensino tradicional teve sua origem no século XVIII , a partir  do Iluminismo. A educação tradicional  teve a sua raiz na sociedade de classe escravista da Idade Antiga destinada a uma pequena minoria (baseado em Moacir Gadotti).
            No Brasil, na época de “ D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo” (José Luiz de P. Bello). 
            A pedagogia tradicional tem como base a rigidez e a centralização  do processo de ensino-aprendizagem no professor. Sua metodologia era baseada na maneira de ensinar dos Jesuítas e enciclopédico. As escolas eram destinadas às classes economicamente favorecidas.
            José Carlos Libâneo divide a Pedagogia em dois grupos: A Pedagogia Liberal e Pedagogia Progressista. “ Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional...” (Luckesi). Na tendência tradicional o que predomina é a palavra do professor, suas regras impostas e a preparação do aluno somente na área intelectual. Seu conteúdo é alienado da experiência do aluno e das realidades sociais. Ele deve ser transmitido como verdade  sem ser questionado.

            A educação deve ser baseada no diálogo. Pois só através dele o aluno poderá interagir e assim aprender participando do processo ensino-aprendizagem.

Veja esse vídeo que mostra sobre a relação professor-aluno na sala de aula:


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Uma incoerência: Democracia e Ensino Tradicional
            Vamos primeiramente saber o conceito de democracia: “é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos.” (Wikipédia)
            A democracia tem por base a liberdade de expressão e a dignidade humana. Para Rousseau, a instituição pública, criada com o pacto social é a única garantia de liberdade humana. “A efetiva participação de um povo garante o bem comum e a garantia dos direitos de cada cidadão.” (A.I Andrioli). Para que haja democracia é necessário que todos estejam na mesma condição de igualdade.
A desigualdade social ocorre ”principalmente pela distribuição desigual de renda de um país, mas também existem outros fatores, como a má formação educacional e o investimento ineficiente de um país em áreas sociais.” (Wikipédia). Ela é proveniente de uma educação de má qualidade, poucas oportunidades no mercado de trabalho e de uma vida indigna.
O ensino tradicional é caracterizado como muito rígido e centrado no professor, onde o aluno é passivo no processo de ensino-aprendizagem. Ele escuta as infomações que lhe são fornecidas, não tendo o direito de se expressar. Neste tipo de ensino o aluno acumula conhecimentos, informações, dados, fatos, etc. O passado é valorizado e serve como modelo para as gerações futuras. O professor transmite certos conteúdos sem valorizar a história de vida do aluno.

A contradição que existe entre democracia e ensino tradicional é notória. A democracia tem por base a liberdade do indivíduo, enquanto o sistema do ensino tradicional não dá abertura para que o mesmo exponha suas ideias e valores.

Relação professor e aluno (Paulo Freire)





sábado, 6 de julho de 2013

A importância da Educação nos dias atuais

                    O mundo vem se desenvolvendo rapidamente com novas tecnologias, novas idéias, novas maneiras de se viver, ou seja, vive em constante transformação. A educação por sua vez caminha a passos lentos, ou até mesmo estagnada no tempo.
                     Na teoria ela é dinâmica e inspiradora, mas na prática muitas vezes se transforma num fardo pesado. Lecionar deveria ser uma prática prazerosa e vivaz.
                     O ensino na maioria das vezes está voltado para o conteúdo e alienado das realidades sociais.
Preocupado exclusivamente em transmitir e assimilar conhecimentos.
                     Quando estamos diante de situações problemáticas e tomamos uma atitude para resolvê-las, passamos a refletir e mudamos a realidade em que vivemos.
                     O sistema educacional reflete e reproduz uma ideologia política e social de um povo.
                     A educação é uma ferramenta capaz de mudar a realidade social de um povo. O papel do professor nesse processo é fundamental.
                                                                                                           Heloísa Oliveira

Veja esse vídeo que fala sobre a importância do papel do professor na sociedade: