segunda-feira, 27 de julho de 2015

O Retrato da Educação Brasileira no Século XXI

Em pleno século XXI o mundo vive uma verdadeira revolução tecnológica e consequentemente cultural. Em meio a tantas transformações, os profissionais da Educação se deparam com uma verdadeira discrepância entre a evolução e o retrocesso.

Sabe-se que ao longo da história educacional o país passou por inúmeras mudanças e também que nenhuma delas de fato tratou com efetividade uma das questões mais sérias em relação ao desenvolvimento dessa nação: o analfabetismo.

Atualmente no Brasil ainda existem cerca de 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (referentes ao censo de 2010). 

Surgem a todo o momento questões que afligem, como o porquê das dificuldades de acesso e permanência na escola. Sabe-se que muitas vezes essas dificuldades estão diretamente ligadas a questões familiares, falta de estrutura, ou mesmo algum fator psicológico, que influencia diretamente no aprendizado.

Por isso o professor do século XXI definitivamente não é mais aquele que “ensina”, mas um profissional que deve estar em constante busca por recursos para intermediar o aprendizado e despertar o interesse de seus alunos.

Crianças e adolescentes se mostram cada dia mais desinteressados pelo conteúdo que lhes é oferecido em sala de aula, afinal, são integrantes de uma geração na qual a informação chega de maneira relâmpago e nem sempre é assimilada de forma correta.

Em alguns casos descarta-se totalmente a fundamentação teórica sobre determinado assunto e deixam-se influenciar pelas opiniões que estão expostas na mídia de maneira inconsequente e alarmante.

Então, o que pensar e como agir diante de tal situação?

O profissional da educação que realmente “escolheu” atuar nessa área não pode se conformar em dizer que a culpa é do sistema e empurrar os alunos para o ano seguinte tentando apenas demonstrar números que mascarem a verdadeira realidade. 

É fato que essa atitude desencadeia um ciclo vicioso no qual aquele aluno que não consegue desenvolver as capacidades referentes a determinado período de sua escolaridade vai levar consigo esse “carimbo” de que não aprende ou tem “baixo desempenho”.

Comumente o ser humano se deixa levar pelas impressões ou por informações que outras pessoas têm sobre alguém ou sobre alguma coisa. Dessa forma, quando um professor recebe um aluno sobre o qual já ouviu falar, normalmente se deixa influenciar e não consegue acreditar que ele tem potencial, pois em anos anteriores apresentou dificuldades e foi “tachado” como um aluno-problema ou de baixo desempenho.

Se pensarmos a Educação como meio de transformação social, seremos obrigados a assumir nossa responsabilidade dentro dessa questão. Não que o professor deva se responsabilizar pelo insucesso de seus alunos, mas ele deve contribuir para que a sociedade também veja que é responsabilidade de todos mudar esse retrato negativo dos estudantes. 

Ultimamente a família tem transferido para a escola a educação “global” de seus filhos. Quantos alunos chegam às escolas e precisam se “adequar” às normas e exigências para a boa convivência com seus colegas?

Quantos meninos e meninas trazem consigo carências e medos, insegurança e falta de afetividade por parte dos pais ou responsáveis?

E quantos de nós, professores, já não nos perguntamos como vamos dar conta de tantos compromissos? Como podemos trabalhar pensando em nossos alunos como pessoas, se somos cobrados por resultados em números em relação ao seu desempenho?

Se nos identificamos com essa situação, não vejamos totalmente pelo lado negativo, pois é sinal que nossa humanidade ainda está presente nesta questão e que refletimos sobre ela o tempo todo. Isso causa angústia e é assim que deveria ser quando um governante toma uma decisão em relação à Educação. 

Imaginemos que se os políticos vissem os problemas educacionais com um pouco mais de humanidade, os profissionais da Educação não seriam surpreendidos a todo o momento com “mudanças repentinas” que simplesmente são impostas e imediatamente devem ser implantadas dentro de um contexto que nem sempre as comporta.

Quem já é professor sabe bem qual o sentimento diante dessa questão. E quem ainda não atua, não deve se desesperar, pois por mais difícil que pareça, não é impossível, tudo começa com uma atitude.