segunda-feira, 27 de julho de 2015

O Retrato da Educação Brasileira no Século XXI

Em pleno século XXI o mundo vive uma verdadeira revolução tecnológica e consequentemente cultural. Em meio a tantas transformações, os profissionais da Educação se deparam com uma verdadeira discrepância entre a evolução e o retrocesso.

Sabe-se que ao longo da história educacional o país passou por inúmeras mudanças e também que nenhuma delas de fato tratou com efetividade uma das questões mais sérias em relação ao desenvolvimento dessa nação: o analfabetismo.

Atualmente no Brasil ainda existem cerca de 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (referentes ao censo de 2010). 

Surgem a todo o momento questões que afligem, como o porquê das dificuldades de acesso e permanência na escola. Sabe-se que muitas vezes essas dificuldades estão diretamente ligadas a questões familiares, falta de estrutura, ou mesmo algum fator psicológico, que influencia diretamente no aprendizado.

Por isso o professor do século XXI definitivamente não é mais aquele que “ensina”, mas um profissional que deve estar em constante busca por recursos para intermediar o aprendizado e despertar o interesse de seus alunos.

Crianças e adolescentes se mostram cada dia mais desinteressados pelo conteúdo que lhes é oferecido em sala de aula, afinal, são integrantes de uma geração na qual a informação chega de maneira relâmpago e nem sempre é assimilada de forma correta.

Em alguns casos descarta-se totalmente a fundamentação teórica sobre determinado assunto e deixam-se influenciar pelas opiniões que estão expostas na mídia de maneira inconsequente e alarmante.

Então, o que pensar e como agir diante de tal situação?

O profissional da educação que realmente “escolheu” atuar nessa área não pode se conformar em dizer que a culpa é do sistema e empurrar os alunos para o ano seguinte tentando apenas demonstrar números que mascarem a verdadeira realidade. 

É fato que essa atitude desencadeia um ciclo vicioso no qual aquele aluno que não consegue desenvolver as capacidades referentes a determinado período de sua escolaridade vai levar consigo esse “carimbo” de que não aprende ou tem “baixo desempenho”.

Comumente o ser humano se deixa levar pelas impressões ou por informações que outras pessoas têm sobre alguém ou sobre alguma coisa. Dessa forma, quando um professor recebe um aluno sobre o qual já ouviu falar, normalmente se deixa influenciar e não consegue acreditar que ele tem potencial, pois em anos anteriores apresentou dificuldades e foi “tachado” como um aluno-problema ou de baixo desempenho.

Se pensarmos a Educação como meio de transformação social, seremos obrigados a assumir nossa responsabilidade dentro dessa questão. Não que o professor deva se responsabilizar pelo insucesso de seus alunos, mas ele deve contribuir para que a sociedade também veja que é responsabilidade de todos mudar esse retrato negativo dos estudantes. 

Ultimamente a família tem transferido para a escola a educação “global” de seus filhos. Quantos alunos chegam às escolas e precisam se “adequar” às normas e exigências para a boa convivência com seus colegas?

Quantos meninos e meninas trazem consigo carências e medos, insegurança e falta de afetividade por parte dos pais ou responsáveis?

E quantos de nós, professores, já não nos perguntamos como vamos dar conta de tantos compromissos? Como podemos trabalhar pensando em nossos alunos como pessoas, se somos cobrados por resultados em números em relação ao seu desempenho?

Se nos identificamos com essa situação, não vejamos totalmente pelo lado negativo, pois é sinal que nossa humanidade ainda está presente nesta questão e que refletimos sobre ela o tempo todo. Isso causa angústia e é assim que deveria ser quando um governante toma uma decisão em relação à Educação. 

Imaginemos que se os políticos vissem os problemas educacionais com um pouco mais de humanidade, os profissionais da Educação não seriam surpreendidos a todo o momento com “mudanças repentinas” que simplesmente são impostas e imediatamente devem ser implantadas dentro de um contexto que nem sempre as comporta.

Quem já é professor sabe bem qual o sentimento diante dessa questão. E quem ainda não atua, não deve se desesperar, pois por mais difícil que pareça, não é impossível, tudo começa com uma atitude.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Educação no Brasil

O processo de expansão da escolarização básica no Brasil só começou em meados do século XX
O processo de expansão da escolarização básica no Brasil só começou em meados do século XX

Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.
Com isso posto, podemos nos voltar aos dados nacionais:
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos que o piso salarial (et. al., na mídia).
Frente aos dados, muitos podem se tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços, concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela!”. Talvez o bom senso sugerisse pensarmos dessa forma. Entretanto, podemos notar que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação.
Logo, agora não mais pelo bom senso e sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais.
Já sabemos que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina.
O desenvolvimento dos professores é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queira chamar – perdura sem o docente.
É preciso abandonar a crença de que as atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebem resultados positivos na aprendizagem dos alunos. Para uma mudança efetiva de crença e de atitude, caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos que, em atividade profissional, são levados a se envolver em situações formais de aprendizagem.
Mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão.
Certamente, os professores não podem ser tomados como atores únicos nesse cenário. Podemos concordar que tal situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares – e também os muitos de nossos contemporâneos que pensam, sem ousar dizer em voz alta, “que se todos fossem instruídos, quem varreria as ruas?”; ou que não veem problema “em dispensar a todos das formações de alto nível, quando os empregos disponíveis não as exigem”.
Enquanto isso, nós continuamos longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregando o fardo de um baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de chegar a 6 em 2022.

Eliane da Costa Bruini
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Pedagogia
Pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Filhos insistentes, pais obedientes.


 Educar um filho, invariavelmente, inclui erros e acertos. Talvez seja por isso que me lembrei da frase (não lembro a autoria): “Educar é uma obra-prima, uma obra realmente artesanal”. Eu costumo descrever a educação como uma tarefa não apenas emocional, assim como obrigatoriamente racional. Por acaso alguém conhece a poção mágica para que os pais possam transformar seus filhos em pessoas felizes?  É em nome dessa “busca pela fórmula perfeita” que a partir dos anos 60, passou-se a conviver com uma verdadeira reforma dos métodos educacionais, comportamentais e pedagógicos. A liberdade passou a imperar nas relações entre pais e filhos e contraditoriamente, a sensação que temos é a de que a incessante procura parece continuar distante do tão sonhado final feliz.
            As conseqüências da permissividade dos pais na educação são seriíssimas. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 20% das garotas entre 13 e 19 anos já enfrentaram uma gravidez precoce. Por outro lado, uma pesquisa recente revelou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. Em apenas uma década, a idade do primeiro contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos. Mesmo que não ocorram desastres, as conseqüências para o futuro podem ser sérias. Jovens educados de maneira negligente correm o risco de se tornar adultos infelizes e desajustados1.
            Antigamente, os filhos davam explicações aos pais. Hoje, são os pais que precisam justificar-se para conseguirem ensinar limites aos filhos. Cada medida precisa estar respaldada em sólidos argumentos que comprovem a veracidade da proposição, e convenhamos: haja perseverança e papo para dar “trocentas” explicações. É uma troca na ordem de papéis e valores altamente prejudicial. Por favor, não me entendam mal, pois não estou fazendo nenhuma apologia à educação de nossos avós e bisavós. Mas precisamos encontrar um ponto de equilíbrio que ficou perdido entre as gerações.
          Em plena época de laissez faire generalizada, os pais devem ultrapassar os limites da educação meramente intuitiva, é essencial ir além e procurar fonte de informações sobre drogas , alcoolismo, sexualidade etc. E que estas não fiquem somente na teoria ou no “eu ouvi dizer”, mas que se integrem naturalmente à rotina familiar. Afinal de contas, regras são indispensáveis para quem vive em sociedade. Mas é bom deixar claro que apenas definir limites não é o suficiente, pois é preciso também ensiná-los a administrarem a própria autonomia para que percebam que a vida não gira em função de seus desejos. Isso parece bem lógico, não é mesmo? Para alguns pais, sim; enquanto existem outros que ainda curvam-se ao desejo dos filhos por receio de frustrá-los, achando que dar tudo de mão beijada é uma maneira de comprar-lhes a felicidade, quando a realidade é justamente o contrário, ou seja, uma criança acostumada a ouvir somente o “sim”, não sabe conviver com a frustração. Pais que não sabem dizer “não” roubam dos filhos o direito de desenvolverem-se emocionalmente e contribuem para a formação de uma geração de crianças, adolescentes e futuros adultos despreparados para enfrentar as exigências do mundo que os cerca.  Aliás, dizer “não”, segundo os especialistas, é um dos exercícios mais importantes para uma educação saudável. O amor não precisa ser “cego” e tudo acatar, como dizem.
                “Mas onde será que nós erramos ? ele sempre teve de tudo”. Frases como essas não são tão difíceis de se ouvir. Está na hora de os pais recuperarem sua auto-estima e sua autoridade", diz a educadora Tânia Zagury, em seu livro, Os Direitos dos Pais. "Perdeu-se a noção de reciprocidade", diz ela. Os pais são obrigados a bancar a melhor educação escolar para os filhos? Então estes últimos também terão sua contrapartida: devem esforçar-se para passar de ano”. Nesse aspecto Içami Tiba também ressalta : “Nunca vi alguém ganhar um aumento ou conquistar um emprego fazendo birra. Entrou na faculdade e ganhou um carro, largou a faculdade e continuou com o carro. Não é assim que as coisas funcionam”. O filho que infringe as regras em casa e não sofre punição, tende a fazer o mesmo em qualquer lugar. E as sanções do mundo lá fora são bem mais rígidas. E sabem o pior disso tudo ? é que o jovem, mesmo com todos as suas vontades plenamente satisfeitas, continuará  infeliz, inseguro e sentindo-se vazio de amor e de objetivos, enclausurado em seu próprio narcisismo.Diante dessa constatação, existe uma verdade irrefutável: para não errar e evitar problemas futuros, a boa educação é aquela iniciada ainda na infância. Nesse sentido, esta deve ser encarada também como um processo sociológico, já que não se pode pensar exclusivamente no prazer imediatista dos filhos, mas levar em consideração o bem-estar de toda a sociedade.
            Nas palestras que faço e tenho oportunidade de conversar com alguns pais, observei um intrigante aspecto: a grande maioria tem consciência da importância de ensinar limites, mas ao que parece, isso ainda não tem sido o suficiente para tornar esta tarefa imprescindível. O resultado tem sido desastroso, pois os pais omissos começam a perder as rédeas da situação, e quando os problemas de comportamento dão sinais, alguns pagam para que seus filhos resolvam essas questões em consultórios, enquanto outros preferem delegar essa tarefa à escola. Outros optam pela “terceirização” dos filhos e os deixam total ou quase unicamente sob o cuidados de babás, creches etc. e o contra-senso fica por conta de que, se por um lado tomam essa decisão, por outro sentem-se culpados pela própria ausência e para supri-la começam a ceder a tudo indiscriminadamente, muitas das vezes mesmo indo contra seus valores e crenças.
             Bem, após tantas considerações, nos perguntamos: será que a tal poção mágica existe mesmo? Devemos levar em consideração que hoje vivemos um novo conceito de família mais interativa, dinâmica, participativa, embasada no diálogo entre pais e filhos. Entretanto não podemos ignorar conceitos consagrados, herdados de gerações mais antigas. Junte-se à essa interseção de valores, boas doses de bom senso, paciência e afeto, assim teremos algo bem próximo do que almejamos. Acho que cada pai/mãe deve montar sua própria poção, que de mágica não deve ter nada, e sim deve estar respaldada na realidade, na ética e na cidadania familiar.
                 "Um pai ou uma mãe que engole os próprios princípios e se cala a cada mal criação dá um atestado de que não se respeita, e os filhos entendem isso como um sinal para que não o respeitem também." (Içami Tiba, 2003).

domingo, 27 de outubro de 2013

O QUE É SER PROFESSOR?


Na realidade a profissão  é mágica, encantadora e desafiadora em todos os sentidos, mas o que impulsiona nosso caminho é a vontade de fazer e é claro que esta vontade de fazer está relacionada principalmente com impulsos que devem vir da sociedade como um todo e da gestão política da educação. Fazer educação com migalhas e com poucos recursos é romântico, no entanto , é incorreto, é desleal e é vergonhoso de todas as maneiras. Mas uma coisa arrepia a gente é que quando desenvolvemos uma atividade, uma novidade , uma aula que foge do trivial vemos o brilho nos olhos dos alunos e é mas gratificante aqueles alunos lhe puxando, gritando seu nome , pois sabem que terão guarida e um simples falar no olho pelo nome obra fantásticas obras. 
A profissão de educador é bela e gratificante quando vemos em vários locais jovens que já foram nossos alunos lembrar-se de nosso jeito e se alegrar com nossa presença. A marca do educador fica para sempre na memória dos alunos e temos que compreender que nossa palavra tem um poder simplesmente forte na vida dos alunos e tem um papel primordial na construção de seus sonhos, expectativas e esperanças. O professor vai além do conteúdo , não é formalidade, é , sobretudo, construção de vida , referencial de pensamento, condição de impulso ao pensar e ao agir. 
Tenho orgulho de ser professor, mas ao mesmo tempo fico triste por nossa sociedade não referendar grande parte do nosso trabalho e pelo fato dos governos procurarem de todas as formas atrapalhar nossa ação com burocracias desnecessárias e limitadoras. Ser professor é ser louco, palhaço, psicólogo, mediador de conflitos, amigo , companheiro, confidente e, marginal numa sociedade em que professores objetos de tortura a mando dos governantes em seu movimento reivindicatório. Mas é bom ser professor, se tivesse de escolher o seria novamente, mas não é romântico, é consciente e por isso nunca deve perder o referencial de luta por direitos coletivos para o bem do mundo.


SER PROFESSOR

domingo, 6 de outubro de 2013

A pedagogia libertadora de Paulo Freire

A pedagogia de Paulo freire faz parte do conjunto de propostas pedagógicas progressistas, que se opõe à pedagogia liberal  (o termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma ser usado. É uma forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada sociedade de classes), tendo como seu principal objetivo os interesses da maioria da população,partindo de uma análise crítica da sociedade capitalista.
Para a pedagogia progressista, a Educação não é neutra e os problemas educacionais são os reflexos do contexto social no qual o indivíduo está inserido. A Educação não está centrada no professor ou no aluno, mas sim na relação entre os indivíduos envolvidos nesse processo de formação do cidadão consciente. As práticas pedagógicas progressistas estão divididas em três grupos: o da pedagogia libertadora, o da pedagogia libertária e o da pedagogia crítico-social dos conteúdos.
O modelo educacional de Paulo Freire está relacionado com a pedagogia libertadora que questiona a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens com o objetivo de transformá-la. Essa Educação, chamada de crítica, está centrada na realidade social, não valorizando a transmissão dos conteúdos específicos, mas sim dando lugar ao diálogo entre educador e educando, tendo como princípios fundamentais a valorização do cotidiano do aluno e a construção de uma prática educativa que estimule a leitura crítica do mundo.
Na concepção de Freire, a sociedade é direito de todos e todos têm direito de exercer a plena cidadania, entendendo ainda que isso só se dará na medida em que todos os indivíduos sejam alfabetizados dentro do conceito de alfabetização cultural. Trabalhar a cultura do aluno significa valorizá-lo enquanto pessoa e cidadão, diminuindo a ocorrência da censura, da rotulação e da consequente exclusão escolar.
Paulo Freire deu armas ao cidadão excluído pela sociedade que eram o conhecimento e a palavra.
Sua perspectiva educacional baseou-se em três eixos de investigação sobre o universo dos alunos: investigação do universo vocabular, a investigação das temáticas geradoras e a investigação em torno da problematização dos temas propostos.
A investigação do universo vocabular dos alunos consiste na realização de um inventário de palavras representativas do conteúdo cultural no qual os alunos estão inseridos. São palavras geradoras, pois é a partir delas que os educadores iniciarão sua jornada em direção à alfabetização de seus alunos.
A investigação das temáticas geradoras, ou dos temas geradores, ocorre a partir da "eleição" pelo grupo de educandos dos temas que mais os afetam, buscando representar de diversas formas o modo de vida dos educandos. Desse modo, as temáticas geradoras são responsáveis pelo surgimento de um ambiente alfabetizador que se organiza em torno do diálogo, ou melhor, de uma proposta dialógica.
A investigação da problematização dos temas propostos é o ponto central do processo de alfabetização segundo o método Paulo Freire. A problematização traz consigo a ideia de que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e a escrever as palavras, mas sim um ato de construção de conhecimentos e entendimentos sobre o mundo que nos cerca.
O "método Paulo Freire" busca valorizar a cultura dos alunos ao inserir no interior do processo educativo as experiências e os conhecimentos que os alunos trazem para a sala de aula.
É com base nesses ensinamentos de Paulo Freire que devemos agir, de forma consciente, ativa, preocupada com a inclusão efetiva de todos no processo educacional. Devemos ainda ter o cuidado de não continuarmos reproduzindo práticas de exclusão que levam ao já conhecido fracasso escolar. Nesse sentido, nosso papel como educadores é o de sempre buscar melhorar nossa atuação na relação direta que estabelecemos com nossos alunos dentro do espaço escolar e fora dele.

Fonte: Wikipédia; Valéria da Hora Bessa 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

APATIA EDUCACIONAL: RECONSTRUIR A EDUCAÇÃO É UMA PRIORIDADE!!!

A sistemática educacional atual condiciona padrões e projetos pedagógicos. Concomitantemente, em todos os lugares do planeta, com graus variados e diferentes, a maioria vem sofrendo com os problemas decorrentes do sistema educacional. A apatia está generalizada e em processo de generalização. Faltam líderes, faltam sonhos, faltam ideologias, faltam perspectivas e sobretudo a busca pelos objetivos. Os professores deixaram de ser o foco das atenções à muito tempo, isto é, a busca pelo lucro fácil, a sobrevalorização da economia de mercado e o liberalismo acabaram impondo sua sistemática perversa e egoísta, relegando para segundo plano qualquer perspectiva humanista ou progressista. Aqueles que servem a rede pública ou privada, não importa, estão proibidos de pensar diferente ou propor algo muito inovador. A democracia é uma fachada projetada para justamente manter as coisas como estão, sem solavancos radicais ou realmente transformadores. Logo, nossa educação é afetada diretamente. Mas, os problemas estão somente começando. 
Quando um professor está apático, não pesquisa, não sente mais vontade de ministrar aulas, perdeu a alegria, mudou o foco e se sente infeliz, os problemas serão reais e de inevitável perda para toda comunidade. Esse problema com o professorado, seja no Brasil ou na Índia, decorre de uma apatia educacional que contamina qualquer ambiente educativo. Reconstruir a educação é uma prioridade para todo e qualquer governo decente. No entanto, nos falta governos decentes neste mundo. As reclamações continuarão. Não obstante, sabemos que educar envolve mais do que a figura do professor. Educação começa em casa. A escola é um momento peculiar na vida dos alunos (as), de alfabetização e formação, de educação e aprendizado, de socialização e diversão, de lazer e esporte, de cultura e alegrias, de tristezas e superações, enfim, um momento importante que pode definir profissões, sucessos ou fracassos. O aviso está dado, os problemas não são somente dos professores, diretores ou coordenadores, secretários de educação, pensadores, pedagogos ou filósofos. Todos matutam, pensam, escarafuncham, escrevem e propõe planos para a educação, e os resultados são cada vez mais decepcionantes. Vivemos uma crise de lideranças e essa falta de comando também contamina os ambientes escolares. Veja você leitor deste blog, não existem verdades prontas ou planos que resolvam tudo, mas tenham a certeza, de que a desvalorização dos professores é um processo que destrói e corrói a alma de uma nação.
Quando não estamos fazendo o básico, que é alfabetizar todos, fazer com que os alunos e alunas saibam resolver as quatro operações básicas da matemática ou interpretar um texto corretamente, escrever com clareza e capricho e internalizarem e refletirem sobre os problemas que atingem o mundo, então não estamos oferecendo um futuro digno para todos. Os cidadãos que pagam seus impostos tem esse direito, de uma educação de qualidade e moderna. Entretanto, não podemos nos esquecer, que esses mesmos cidadãos que pagam seus impostos em dia, com seus direitos e deveres, não podem fugir do debate sobre a educação brasileira ou mundial. Copiar planos prontos do exterior e implantá-los em nosso território, desde a LDB até hoje é o que mais fazemos. Desconsideramos a diversidade regional, estadual e municipal das escolas. De cima para baixo decretos e resoluções educacionais são impostas sem consultar os professores e alunos (as). Todos são tratados com desrespeito e sobretudo sem critérios transparentes e verdadeiramente democráticos. A opressão democrática do direito daquele que tem o poder, nos avassala e corrompe. Vereadores ganham salários que muitas vezes equivalem a 5 ou 6 vezes o salário de um professor que trabalha 40 horas por semana. Se fôssemos comparar com um deputado estadual ou federal, a humilhação é maior ainda. Os criadores de leis simplesmente desrespeitam a condição de vida das pessoas e se esquecem de seus eleitores e sobretudo de suas promessas mentirosas e malucas. Enquanto a educação depender desse processo político que temos, nada, simplesmente nada irá mudar. Estamos fadados ao fracasso nessas condições. 
Voltando ao tema da apatia, com base no que foi escrito anteriormente, teremos mais tristezas pela frente. Isto é, enquanto o professor, a base de sustentação de qualquer sistema de educação, não for valorizado realmente e com dignidade, não teremos mudanças realistas na educação brasileira ou mundial. Valorizar um professor hoje em dia virou utopia. Que seja assim então, pelo menos talvez, teríamos uma ideologia para se agarrar, frente a quebra de paradigmas e paradoxos atuais. As regras educacionais que temos hoje não são boas e sobretudo são ruins e de péssima qualidade. Ninguém acredita em mais nada, todos estão cansados e sobrecarregados, porque justamente essa apatia, que é decorrência dos mandos e desmandos na educação, condicionam todos a acreditarem que nada mais irá mudar. Não podemos deixar isso acontecer. Sem existe esperança, pelos menos acredito assim. Do contrário, estaremos fadados mais uma vez a não sermos nada além de mão-de-obra barata e de fácil exploração. Não importa de onde tenhamos que cortar gastos, mas a educação, deve ser tratada como prioridade nacional número um. Temos tempo para fazer isso e devemos começar agora. A globalização e o sistema capitalista exigem isso. Dentro dessa concorrência maldita e desonesta do capitalismo, não temos muito para onde correr. As resistências são desprezadas e não são levadas à sério. Devemos repensar nosso país, tendo a figura do professor como uma das mais importantes nesse processo de mudanças. Ou mudamos ou fracassaremos mais uma vez. Salvem a educação.

ATENCIOSAMENTE
PROFº JOSÉ EDUARDO BRONDI
WWW.PROFESSORBRONDI.BLOGSPOT.COM.BR

                                                                                                                   

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A escola é uma ideia

Wanda Camargo*

Uma escola não prescinde de professores, alunos, funcionários, dirigentes, instalações que incluam lazer, bibliotecas, laboratórios, currículos, planos pedagógicos, ideologias, filosofias de ensino, metodologias. Mas não é apenas isso: abrange tudo isso, e é muito mais. 
A escola é uma ideia. E dessa ideia nasce a instituição tão fundamental para a civilização que suas origens praticamente se fundem. Das primeiras relações sociais, primeiras letras, até a mais complexa pesquisa de ponta, tudo tem nela seu início, e nela se processa. A escola conserva, transmite, cria, renova, contesta e valida o conhecimento. Não há como fazê-la calar. O pensamento não deixa de existir apenas por deixar de ser expresso por algum tempo. É na escola que primeiro surgem os ideais de liberdade. 
As primeiras escolas estabelecidas no Brasil, ainda no início do período colonial, eram confessionais, com forte influencia jesuítica - ligadas aos conceitos pedagógicos centrados na pura transmissão do saber. Em meados do século XVIII, o Marquês de Pombal, então primeiro ministro de Portugal, iniciou uma série de reformas que incluíram a expulsão dos jesuítas da metrópole e das colônias - e a partir daí as vertentes laica e religiosa passaram a conviver.
Já nos anos 1930, passou a predominar a chamada pedagogia nova, com foco em aprender a aprender. Durante a Ditadura Militar, estabeleceu-se uma concepção pedagógica dita produtivista, voltada, quase que unicamente, a aprender a fazer. Atualmente, grande parte das escolas baseia-se no conceito construtivista, de Jean Piaget, que preconiza a construção do conhecimento pelo sujeito do aprendizado, obviamente não dispensando a orientação e participação docente em todos os níveis. 
Na educação superior, a escola brasileira está enfrentando uma questão vital: a universalização do acesso. A par de políticas publicas de concessão de bolsas, como FIES e PROUNI, estabelece-se regime diferenciado para ingresso na universidade, pública e privada, regimes de cotas para afrodescendentes, indígenas e outros grupos de excluídos. O suposto privilégio é parte do resgate de uma dívida que o Brasil tem com pessoas cujos ancestrais foram alijados dos direitos, após terem sido trazidos para cá (ou aprisionados aqui), absolutamente contra a vontade, e terem contruído grande parte da riqueza do país com trabalho não remunerado. 
O sistema é justo e, embora em alguns poucos casos beneficie pessoas que dele não precisariam, atende à necessidade de nivelamento de oportunidades para a maioria. E os resultados começam a surgir: estudantes que ingressaram por cotas têm tido, de forma geral, desempenhos equivalentes aos dos demais, numa evidência de que o principal problema sempre foi de acesso.
Os adversários deste sistema argumentam que se trata de descumprimento à Constituição Federal que, em seu Artigo 5º, o qual declara que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...”. E teriam razão, se não se tratasse de mecanismo temporário e que visa precisamente garantir aquela igualdade, minorando as distinções advindas de condições específicas de pobreza e falta de oportunidade de estudo impostas secularmente aos agora contemplados. 
Esse regime é legitimado por sua transitoriedade. Não se justificará mantê-lo quando grande parte dos agora cotistas, ou seus filhos, mercê da melhora de condição material, que é uma das decorrências de mais e melhor estudo, não mais dele necessitarem. Uma exceção, ainda que justa, só pode existir enquanto prevalecerem causas e circunstâncias que lhe deram origem, e no momento atual, tem importância capital para a inclusão e a cidadania.
São muitas as carências, quando analisamos o sistema educacional brasileiro. Valorização do magistério, expansão da rede escolar, melhora da infraestrutura, ampliação do acervo das bibliotecas (construção de algumas, em escolas sem este importante quesito de aprendizagem) e outros requisitos demandam urgente atenção das autoridades municipais, estaduais e federais. Por outro lado, as realizações foram também significativas nas últimas décadas - entre elas, a melhor compreensão comunitária da necessidade de qualidade no processo educacional e evolução do país. Temos muito a comemorar em vários aspectos da escola brasileira, mas muito mais ainda a conquistar.

 Wanda Camargo – educadora e Assessora da Presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.